Você é uma impostora como Michelle Obama?
Naiara Bert?o
Jornalista | Economia | Finan?as | Sustentabilidade | ESG | Comunica??o Corporativa | Rela??es Institucionais | LinkedIn Top Voice
Entenda o que é a Síndrome do impostor, da qual a ex-primeira-dama dos EUA sofreu por anos, e porque você precisa driblá-la se quiser crescer na vida
Coluna originalmente publicada no Valor Investe em 23.08.2019
Em uma entrevista no fim do ano passado, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama surpreendeu a todos ao dizer que sofreu por anos da Síndrome do Impostor. Você pode n?o ter ouvido falar dela, mas eu garanto que em algum momento da sua vida já sofreu seus males.
Para come?ar, vamos ver o que a própria Michelle falou sobre o assunto:
"Entrar em uma faculdade de elite, quando o seu orientador vocacional no colégio disse que você n?o era boa o suficiente, quando a sociedade vê crian?as negras ou de comunidades pobres e rurais como 'n?o pertencentes'... Eu, e muitas outras crian?as como eu, entramos ali carregando um estigma."
"Hoje em dia, crian?as mais jovens chamam isso de Síndrome de Impostor. Sentem que n?o cabem ali, n?o pertencem. Eu tive de trabalhar duro para superar aquela pergunta que (ainda) fa?o a mim mesma: 'eu sou boa o suficiente?'. é uma pergunta que me persegue por grande parte da minha vida. Estou à altura disso tudo? Estou à altura de ser a primeira-dama dos Estados Unidos?", disse Michelle Obama, em visita ao Reino Unido.
Michelle é referência para muitas mulheres e homens hoje em dia e passa a imagem de ser uma mulher poderosa, forte, bem-sucedida e feliz. Mas, como qualquer ser humano, sofre das mesmas armadilhas psicológicas que nós.
Outra referência para mim, a jornalista francesa e ex-consulesa da Fran?a no Brasil, Alexandra Baldeh Loras, conta em seu painel chamado justamente “Síndrome do Impostor”, no TEDxS?o Paulo, que as pessoas costumam perguntar com frequência se ela realmente é francesa. Isso porque Alexandra é negra.
A esse ponto você já deve ter entendido do que se trata a Síndrome do Impostor, no nosso caso, Impostora. Muitas vezes achamos que n?o merecemos as coisas boas que nos acontecem. Que n?o deveríamos estar na posi??o profissional que estamos, que n?o deveríamos ter sido promovidas porque n?o somos habilitadas para isso. Que algo está estranho em nosso relacionamento ou com a família porque está tudo bem demais. E também que talvez n?o somos merecedoras de ganhar dinheiro (ou mais que nossos colegas ou companheiros e companheiras).
Resumindo, achamos que somos impostoras nas nossas vidas.
Leia também: Você pode estar sabotando o seu crescimento
Colocando assim em palavras soa até ridículo, né? Mas levante o primeiro dedo quem nunca pensou algo assim.
O sentimento de n?o pertencer ou de n?o achar que você é boa ou competente suficiente para algo nos paralisa e nos prejudica a crescer na carreira, a alcan?ar nossos objetivos e a enriquecer e gerir melhor nossos recursos.
Muitas de nós, quando come?am a se sentir assim, d?o um passo para trás. N?o d?o sua opini?o em reuni?es, n?o pegam mais responsabilidades e, consequentemente, acabam perdendo oportunidades de crescimento.
E quando falamos em diminuir as diferen?as de salário entre homens e mulheres e ocupar mais espa?o no mercado de trabalho, é importante você n?o se autoboicotar.
Uma história pessoal. Há dois anos eu fui indicada como finalista do prêmio Troféu Mulher Imprensa. Nunca me imaginei sendo indicada pra nada, quanto mais para um prêmio em que eu concorria com jornalistas mulheres muito boas. Na hora que um colega me contou, minha rea??o foi de incredulidade: “Acho que me confundiram com outra pessoa”, falei. Até hoje n?o sei quem me indicou – no fim, acabei ganhando o prêmio na categoria revista impressa – e por muito tempo fiquei com a impress?o de que eu n?o merecia aquilo. “Tanta gente melhor do que eu”.
Por que eu me senti uma fraude no meio de tanta mulher competente? Por que tantas vezes achei que estava apenas tendo sorte? Por que eu n?o poderia ser suficientemente boa e competente para estar lá entre os finalistas e ganhar a premia??o?
Bom, quando falamos de dinheiro, o nosso comportamento e nosso “mindset” (a palavra do momento) é muito importante. Você tem que se sentir merecedora de mais: mais dinheiro, mais sucesso, mais felicidade, posi??es superiores...
Bora mudar isso?
"Eu acho que muitas mulheres e muitas meninas de todas as classes sociais andam por aí carregando esse tipo de pergunta. Como eu superei isso é como eu superei qualquer coisa. Trabalho duro. Toda vez que duvidava de mim mesma, dizia para mim, vou trabalhar ainda mais, vou deixar meu trabalho falar por si. Eu ainda fa?o isso. Sinto que, de alguma forma, ainda tenho algo a provar. Por causa da cor da minha pele, a forma do meu corpo, pela forma como as pessoas est?o me julgando."
Em um artigo da empresa de recrutamento e sele??o Michael Page, eles d?o as seguintes dicas:
- Quando os sentimentos de “impostora” surgirem, reconhe?a a situa??o e escreva em um papel o que está sentindo. Isso ajuda a quebrar ciclos de pensamentos negativos e nos permite ver os pensamentos sobre outra perspectiva, como algo distante de nós.
- Escreva a lista de suas for?as e realiza??es. Isso te faz lembrar que você n?o é uma fraude. Quando você se sentir mal ou estiver sendo dura e crítica demais com você, passe o olho nesta lista. Mesmo o que n?o demos muita importancia na hora, em momentos como esse pode fazer a diferen?a.
Dica: No Felizofia, curso de Psicologia Positiva que eu participo, na ONG Base Colaborativa, trabalhamos com um Teste das For?as bem interessante, que mostra quais s?o nossos pontos fortes e valores. Fa?a aqui (é gratuito).
- Tente manter sua agenda em ordem e evite procrastinar. Deixar coisas para fazer depois só vai agravar o sentimento de que n?o somos capazes, que estamos deslocadas. A dica da Michael Page é fazer primeiro as mais difíceis porque isso dá a sensa??o de que você dá conta e as demais tarefas ficam mais fáceis e você se sente mais competente.
- Aproveite o sentimento de impostora para ser uma pessoa e profissional ainda melhor. A sensa??o pode te dar energia e for?a de vontade para estudar mais, se dedicar mais a algo e, consequentemente, crescer mais.
E algumas dicas minhas:
- Converse com as pessoas sobre isso. Você vai perceber que essa síndrome é muito mais comum do que você imagina.
- Pare de se comparar com os outros. Se quiser se comparar com alguém, escolha mulheres como Michelle Obama e Alexandra Baldeh Loras.
- Evite pensar que as coisas acontecem com você por sorte. Quanto você tem se esfor?ado para as coisas darem certo? Pense que a combina??o de seu empenho e capacidade é que fizeram você se dar bem.
- Aceite fracassos. é difícil aceitar que falhamos, mas faz parte da vida, né, gente?
Dicas extras:
Para as empreendedoras, vou sugerir que ou?am o podcast do Empreendacast com a Camilla Junqueira, diretora-geral da Endeavor Brasil. Ela conta sua história, como chegou onde está, fala sobre o ambiente empreendedor no Brasil e desafios das mulheres que est?o tocando seus negócios (cita a Síndrome do Impostor). Ou?a aqui!
E super recomendo esse TED da psicóloga social Amy Cuddy sobre "A nossa linguagem corporal modela quem somos".
Saiba Mais
- Vamos aumentar a fila do banheiro feminino?
- N?o deixe para investir amanh? o que você pode aplicar hoje
Senior Process Safety Management Engineer leading RBPS implementation at Embraer
4 年Naiara Bert?o obrigada pelo artigo! Eu me identifiquei com o seu texto e tenho trabalhado para valorizar minhas qualidades, como citado no artigo.
Assessora de Comunica??o na Vice-Governadoria do Estado do Espirito Santo
5 年Naiara,gostaria de te apresentar uma mulher inspiradora e na politica, que e mais dificil! Trata-se da vice-governadora do Espirito Santo, @JaquelineMoraes uma mulher que foi camel? a vida toda ( desde os 12 anos) na subida do Palácio Anchieta (sede do governo) e por sua atua??o, este ano subiu as escadarias do Palácio. Um histórico inspirador! Te interessa? ??
Inst. Yoga e Medita??o/Astróloga/Terapeuta Holística
5 年Nossa, como me identifico com isso. Vi esse termo há um tempo atrás em algo que li e na hora percebi o quanto era recorrente esse pensamento de "nem sei como eu consegui isso" para todas as minhas conquistas e sempre procurar alguma coisa que diminuísse o valor delas. Mas nada como o autoconhecimento para se tornar mais consciente disso e mudar esses padr?es de pensamento autosabotador!?
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5 年Isso é verdade!
Advogado | Escritor | Palestrante | Consultor e Mentor de Carreira & Empreendedorismo Autor do Best Seller O Código da Realiza??o| Especialista em Lideran?a Inova??o & Gest?o
5 年A autosabotagem está muito presente em diversas dinamicas humanas, um bom antídoto é o Autoconhecimento !!!!