Viver no Caos ou Dan?ar com Ele?

Viver no Caos ou Dan?ar com Ele?


Note: This newsletter is available in Portuguese and English. Scroll to the bottom to access the English version.


Se tem uma coisa que aprendi nesses anos de vida e no mercado de startups, é que o caos n?o pede licen?a. Ele entra, coloca os pés no sofá e ainda pergunta o que tem para jantar. Quem tenta combatê-lo com estratégias perfeitas e discursos exaustivamente treinados está fadado a um colapso nervoso antes do intervalo do jogo.

Se você cresceu em uma família grande, já experimentou o caos de alguma maneira. Lembro de um sábado específico na casa da minha tia-avó. Normalmente, os jantares por lá eram animados e barulhentos, mas naquele dia, algo estava diferente. Meu av? havia falecido recentemente, e as decis?es financeiras atormentavam meu pai, que saiu de casa atrasado. No meio do preparo do jantar, a energia caiu, um bolo foi esquecido no forno, e, na pressa da saída, minha m?e deixou para trás a travessa com o prato principal. Para completar, nenhum delivery de pizza nos atenderia antes de duas horas.

O silêncio pesava no ar, os adultos estavam irritados. No fim, comemos à luz de velas, sem bolo, com um prato improvisado de queijos, p?es, frutas e chocolates. Quem articulou a solu??o foram os mais jovens, que abriram armários e geladeira em busca do que havia disponível. E, ironicamente, aquele jantar caótico virou uma das noites mais memoráveis que já tivemos, pois virou uma ótima história familiar de quando as crian?as salvaram a noite com um grande prato de boas surpresas. Ali entendi: o caos pode desencadear problemas, mas também pode trazer solu??es — e a chave está na forma como escolhemos reagir a ele.

Durante um dos meus primeiros projetos de internacionaliza??o, o investidor e o sócio decidiram interromper o financiamento e mudar completamente a rota do projeto — efeitos colaterais da pandemia. O detalhe? Eu havia colocado meu perfil pessoal na linha de frente desse projeto. Se tudo desmoronasse, eu seria o maior perdedor. Na hora, parecia que o caos tinha me engolido inteiro. Mas, quando a poeira baixou, percebi algo inesperado: a saída deles me deu propriedade exclusiva sobre a empresa internacionalizada. Foi como estar preso sozinho em Marte, sem plano de fuga, igual ao personagem Mark Watney, interpretado por Matt Damon em Perdido em Marte. Assim como ele, eu poderia escolher entrar em panico e aceitar o fracasso ou fazer como um verdadeiro astronauta: resolver um problema de cada vez. Como Watney disse:

"Você resolve um problema. Depois resolve o próximo. E, se resolver problemas suficientes, você chega em casa.”

Revi a estratégia, usei os recursos que ainda tinha a meu favor e contei com a ajuda de amigos e familiares que estavam na Europa. Assim como Watney cultivou batatas em um planeta inóspito, eu encontrei solu??es onde antes só via obstáculos. No fim, transformei o que parecia um desastre em uma oportunidade única. O que antes parecia o fim tornou-se um novo come?o, onde eu tinha total controle para direcionar o negócio da forma que realmente acreditava. No fim das contas, o caos n?o foi um inimigo – foi um presente disfar?ado de tragédia.

Como escreveu James Gleick:

“O caos é a nova ciência das surpresas, n?o porque destrua a ordem, mas porque revela sutilezas inesperadas dentro dela.”

As ideias mais inovadoras da última década nasceram do caos, pivotando e se reinventando conforme o mercado mudava. Airbnb? Come?ou porque dois caras n?o tinham como pagar o aluguel. Uber? Uma ideia para resolver o problema de pegar táxi numa noite chuvosa. Nada disso veio de um planejamento engessado, mas sim da capacidade de se adaptar e encontrar oportunidades onde todo mundo só via confus?o.

Ent?o, da próxima vez que o caos bater à porta (e ele vai bater, pode apostar), a pergunta n?o é se você vai tentar bani-lo. A pergunta certa é: você vai se desesperar ou aprender a dan?ar? Pois eu já escolhi minha trilha sonora – e acredite, é melhor quando a gente se move no ritmo certo.



Living in Chaos or Dancing with It?

If there’s one thing I’ve learned from years in life and the startup world, it’s that chaos doesn’t ask for permission. It comes in, puts its feet up on the couch, and still has the audacity to ask what’s for dinner. Anyone trying to fight it off with perfect strategies and rehearsed speeches is doomed to a nervous breakdown before halftime.

Whoever grew up in a big family, you’ve encountered chaos one way or another. I remember one particular Saturday at my great-aunt’s house. Normally, her dinners were loud and lively, but that night, something felt off. My grandfather had recently passed, financial decisions were weighing on my father—who left home in a rush—and, as if on cue, the electricity went out in the middle of cooking. A forgotten cake burned in the oven, my mother left the main dish sitting on the kitchen counter, and to top it off, no pizza delivery would arrive in under two hours.

Tension filled the room. The adults were frustrated. But in the end, we ate by candlelight, without cake, on a hastily assembled platter of cheese, bread, fruit, and chocolate. And the best part? The younger ones took charge, raiding the pantry and fridge, improvising with whatever we had. Ironically, that chaotic dinner turned into one of our most memorable nights—a story of how the kids saved the day with a plate full of unexpected surprises. That night, I realized something: chaos can create problems, but it can also spark solutions. The real game-changer is how we choose to respond.

Years later, I faced a different kind of chaos—one that had real financial stakes. In one of my first international expansion projects, both my investor and my partner decided to pull out and completely shift direction—pandemic side effects. The catch? I had put my personal brand front and center. If everything collapsed, I’d be the biggest loser.

At first, it felt like chaos had swallowed me whole. But when the dust settled, I saw the upside: their departure left me with full ownership of the internationalized company. It was like being stranded alone on Mars, with no way out—just like Mark Watney, Matt Damon’s character in The Martian. And just like Watney, I had two choices: panic and accept failure, or do what any real astronaut would—solve one problem at a time. As he put it:

"You solve one problem. Then you solve the next one. And if you solve enough problems, you get to go home."

So I reworked my strategy, leveraged the resources I still had, and turned to friends and family in Europe for support. Just like Watney grew potatoes on a barren planet, I found solutions where I once saw only obstacles. What seemed like a total disaster became a once-in-a-lifetime opportunity. What looked like the end became a fresh start—one where I had complete control to steer the business exactly where I believed it should go.

In the end, chaos wasn’t my enemy—it was a gift disguised as a catastrophe.

As James Gleick wrote:

“Chaos is the new science of surprises, not because it destroys order, but because it reveals unexpected subtleties within it.”

The biggest innovations of the past decade were born from chaos—constantly pivoting and reinventing as the market shifted. Airbnb? It started because two guys couldn’t afford rent. Uber? A simple idea to fix the hassle of hailing a cab in the rain. None of these came from rigid, over-planned strategies. They came from adaptability—the ability to spot opportunities in what others saw as pure disorder.

So, the next time chaos comes knocking (and trust me, it will), the real question isn’t whether you can shut it out. The real question is: will you freak out or learn to dance?

I’ve already picked my soundtrack—and believe me, it’s a lot better when you move to the right beat.


Anderson Vieira

Scrum Master | Agile Coach | QA | Product Manager Specialist | Gerente de Projetos

3 周

Eu adoro esse tema. O caos sempre fez parte da minha vida. Até brinco que n?o tenho um segundo de paz, e talvez nem queira. Só quem já experimentou, o que você descreveu de forma exemplar, sabe quais s?o as habilidades necessárias para entender o caos e transformar isso em algo útil para si ou para os outros à sua volta. Lendo, dá para imaginar as angústias que esse momento pode ter causado. Muito bom você compartilhar isso. Dá um quentinho saber que dá para aprender e vencer um momento de caos.

Rebeca Rosa

Gest?o de Processos, Projetos e Rotinas | Consultora, Assessora, Mentora e Palestrante

3 周

O caos ensina tanto quanto a ordem – e, às vezes, até mais. 2024 foi um dos anos mais desafiadores da minha vida, mas hoje percebo que, no meio de tudo isso, aprendi algumas das li??es mais valiosas. Descobri os “n?os” que posso dar, os “sins” que mere?o, meu valor e meu lugar. Entendi, de uma vez por todas, que n?o existe come?ar do zero. Tudo o que vivi antes me deu respostas, caminhos e possibilidades, mesmo quando parecia que n?o havia saída. O caos é só uma passagem, assim como a organiza??o. Elas se encontram, se desencontram, e isso faz parte da vida. O segredo n?o é evitar o caos, mas aprender a navegar por ele sem perder a consciência de quem somos. Quanto mais entendemos isso, mais conseguimos aproveitar cada fase e menos gastamos tempo reclamando por onde estamos.

Larissa Terada

Director of Operations | Alby Foundation

3 周

Dancing with chaos, loved it! Can't wait for the next NEWS!

Mayra Casttro

I use the power of human connections to transform ideas into projects, and knowledge into public speaking experiences / Transformo ideias em projetos inovadores e conhecimento em palestras de alto impacto.

3 周

Querido Alberto Azevedo, n?o existe nada mais intrínseco na vida que o caos. A natureza, inclusive, é um puro caos! E é partir disso que tudo é criado. N?o existiria espa?o pra criatividade e inova??o que s?o a essência da vida se tudo fosse ordenado. O Murilo Gun disse uma coisa que eu até repostei, que a vida é uma dan?a entre o ordem e caos. Se estiver muito caótico, colapsa. E excesso de ordem, é controle.

要查看或添加评论,请登录

Alby Azevedo的更多文章

  • Ecos de uma escolha

    Ecos de uma escolha

    Note: This newsletter is available in Portuguese and English. Scroll to the bottom to access the English version.

  • 6 maneiras de financiar sua startup até o MVP

    6 maneiras de financiar sua startup até o MVP

    Note: This newsletter is available in Portuguese and English. Scroll to the bottom to access the English version.

    2 条评论
  • Desvendando a estratégia de C-Levels nas Startups

    Desvendando a estratégia de C-Levels nas Startups

    Note: This newsletter is available in Portuguese and English. Scroll to the bottom to access the English version.

    2 条评论
  • O legado de um pioneiro: o que o meu av? me ensinou sobre o tempo e as conex?es

    O legado de um pioneiro: o que o meu av? me ensinou sobre o tempo e as conex?es

    Note: This newsletter is available in Portuguese and English. Scroll to the bottom to access the English version.

  • Construindo Rela??es Autênticas: Dicas Práticas de Networking para Líderes de Negócios

    Construindo Rela??es Autênticas: Dicas Práticas de Networking para Líderes de Negócios

    (The English version of this article can be found below.) ???? Networking é mais do que uma estratégia – é um dos…

  • Run Alby, Run.

    Run Alby, Run.

    Note: This newsletter is available in Portuguese and English. Scroll to the bottom to access the English version.

    4 条评论
  • "Run Alby, Run."

    "Run Alby, Run."

    Note: This newsletter is available in Portuguese and English. Scroll to the bottom to access the English version.

  • What is Marketing Technology Stack?

    What is Marketing Technology Stack?

    You might have heard about the newest Marketing trend called Marketing Technology Stack. But why is this getting…

  • O Empreendedor Nú.

    O Empreendedor Nú.

    A imagem acima mostra o contrário do que o título se refere. Obviamente n?o seria de bom tom colocar uma foto de uma…

  • Bit.One na Exame

    Bit.One na Exame

    O setor bancário percebe a cada dia mais a necessidade de avan?ar e aprender mais sobre a Blockchain. Bit.

其他会员也浏览了