TEORIA DO FLOW E ISOLAMENTO SOCIAL

A teoria do Flow nos diz que a motiva??o intrínseca, e o prazer pelo trabalho, têm origem na rela??o entre um desafio, e o potencial e as competências que temos para dar conta dele. No atual isolamento social, vale à pena recordar essa teoria, esperando que os amigos e amigas que lerem o artigo entrem no estado de Flow.

A ausência de Flow, nos líderes, limita a possibilidade de serem confiáveis, podendo torná-los inconsistentes, dogmáticos, hesitantes ou injustos. Pessoas que n?o atingem o Flow podem se sentir irritadas e frustradas, por n?o conseguirem desenvolver seu potencial. Essa ausência também faz com que n?o confiem nas informa??es que lhe s?o dadas, dificultando a tomada de decis?es.

Mihaly Csikszentmihaly, criador da teoria do Flow, diz que buscou entender a motiva??o dos artistas com suas obras, bem como a mudan?a de atitude deles, que vai da total absor??o e contempla??o da obra, para um total desinteresse, depois dela ter sido terminada. Quando terminam o trabalho os artistas buscam novos desafios.

A conclus?o de Mihaly foi que a experiência subjetiva, enquanto a obra era produzida, tinha como recompensa o comportamento criativo em si mesmo. Isso levou o autor a pesquisar pessoas que dedicavam muito tempo a atividades muito desafiadoras, sem buscar recompensas. Entrevistou atletas, mestres em xadrez, escaladores de montanha, dan?arinos, compositores, artistas, para compreender por que as atividades eram recompensadoras, fazendo com que as pessoas voltassem sempre a elas.

O Flow foi conceituado, como um estado em que todos os elementos da consciência est?o em harmonia entre si, e com os objetivos do indivíduo, o que foi chamado de experiência ótima. Assim, felicidade, satisfa??o e desfrute s?o manifesta??es do Flow. Por isso o Flow se torna um dos objetivos centrais do eu, o que pressup?e tendência a buscar objetivos que modelam as escolhas feitas dentre as muitas alternativas. Ou seja, os seres humanos têm motiva??es que os levam a fazer o que querem, dependendo das prioridades estabelecidas pelas necessidades do eu.

A pessoa, de acordo com essa teoria, n?o consegue se manter no estado de Flow se o desafio n?o for aumentado, gerando o desenvolvimento de novas habilidades. A necessidade da mudan?a é mobilizada pela necessidade psicológica do ser humano de evitar a acomoda??o, tal como o aborrecimento, a ansiedade ou a apatia. Os seres humanos precisam ser desafiados.

Mihaly descreve vários indicadores associados à condi??o de Flow, existindo uma percep??o comum a todas as pessoas, que experimentaram esse estado de espírito: a percep??o, pelo indivíduo, de que existe algo que é capaz de realizar, e que esse algo é um desafio, que capta sua aten??o, com intensidade, levando-o a desenvolver seu potencial. Como exemplo, cito um amigo de longa data, que durante o atual isolamento social, provocado pelo Covid-19, come?ou a trabalhar em casa pe?as de marcenaria, aplicando seu potencial a um novo desafio.

Seguem alguns indicadores, relacionados ao estado de Flow:

Equilíbrio entre habilidades e desafio. O interesse pela tarefa cresce, como o resultado da rela??o entre as habilidades pessoais e a crescente complexidade enfrentada, num determinado desafio.

Clareza dos objetivos. Consegue-se estruturar a tarefa quando se obtém uma melhor compreens?o da rela??o entre habilidades e os desafios correspondentes. Ou seja, se utilizamos adequadamente determinadas habilidades, seremos mais bem sucedidos na materializa??o dos objetivos.

Sentimento de Controle. Convic??o de que se pode lidar com a situa??o porque a pessoa tem as habilidades para enfrentar os desafios da situa??o. Vale dizer, somos competentes para dar conta do desafio.

Feedback. Com feedback adequado, a pessoa obtém uma melhor compreens?o da tarefa e aperfei?oa suas respostas para os desafios. Isso mostra a importancia de se dar e receber feedback. Funciona como um radar que mostra onde se encontra um objeto. No feedback sabemos onde se encontra nossa realiza??o, e qual a sua qualidade.

Foco. Foco total no presente, em termos da tarefa sendo conduzida; a pessoa já n?o pensa em avaliar o próprio trabalho. Uma maneira prática de desenvolver foco é aperfei?oar a aten??o e concentra??o, através de exercícios de mindfulness e de Y?ga, que já abordei em outro artigo no Linkedin.

Absor??o pela tarefa. Total envolvimento pessoal com o que faz. A sensa??o é que o tempo para, n?o existindo ao redor sen?o o desafio da tarefa que enfrentamos.

Distor??o do tempo. Dado que a aten??o está intensamente focada na tarefa, e há uma falta de autoconsciência, o tempo se torna distorcido, parecendo tanto encurtado como alongado. O tempo cronológico deixa de existir, devido ao intenso prazer que a execu??o de uma obra causa na nossa mente.

Falta de autoconsciência. Envolve uma completa ausência de pensamentos estranhos, há pleno envolvimento com o trabalho e nenhum esfor?o é requerido para conduzir as responsabilidades.

Experiência autotélica. Palavras derivadas do grego (auto e telos) indicando motiva??o intrínseca para a atividade, de modo que o objetivo é uma desculpa para o processo.

Amigos e amigas, somente posso desejar, durante o isolamento social, que entrem no estado de Flow, aceitando desafios e desenvolvendo o potencial de cada um.

FLOW THEORY AND SOCIAL ISOLATION

Flow theory tells us that intrinsic motivation, and pleasure in work, comes from the relationship between a challenge and the potential and the skills we have to cope with it. In the current social isolation, it is worth remembering this theory, hoping that friends who read the article will enter the state of Flow.

The absence of Flow, in the leaders, limits the possibility of being reliable, which can make them inconsistent, dogmatic, hesitant or unfair. People who do not reach the Flow can feel irritated and frustrated, for not being able to develop their potential. This absence also makes them do not trust the information that is given to them, making it difficult to make decisions.

Mihaly Csikszentmihaly, creator of the Flow theory, says that he sought to understand the artists' motivation with their works, as well as their  changing attitude, which goes from the total absorption and contemplation of the work, to a total disinterest, after it has been finished. When the work is finished, the artists seek new challenges.

Mihaly's conclusion was that subjective experience, while the work was being produced, rewarded creative behavior itself. This led the author to research people who devoted a lot of time to challenging activities, without seeking rewards. He interviewed athletes, chess masters, mountain climbers, dancers, composers, artists, to understand why the activities were rewarding, making people always return to them.

Flow was conceptualized, as a state in which all elements of consciousness are in harmony with each other, and with the individual's goals, which was called an optimal experience. Thus, happiness, satisfaction and enjoyment are manifestations of Flow. For this reason, Flow becomes one of the central objectives of the self, which presupposes a tendency to seek objectives that shape the choices made among the many alternatives. That is, human beings have motivations that lead them to do what they want, depending on the priorities established by the needs of the self.

The person, according to this theory, cannot remain in the state of Flow if the challenge is not increased, generating the development of new skills. The need for change is mobilized by the psychological need of the human being to avoid accommodation, such as boredom, and anxiety or apathy. Human beings need to be challenged.

Mihaly describes several indicators associated with the condition of Flow, with a perception common to all people, who experienced this state of mind: the perception, by the individual, that there is something he is capable of accomplishing, and that this something is a challenge, that captures your attention, with intensity, leading you to develop your potential. As an example, I cite a longtime friend who, during the current social isolation, caused by Covid-19, started to work at home with joinery pieces, applying his potential to a new challenge.

Here are some indicators related to the state of Flow:

Balance between skills and challenge. Interest in the task grows, because of the relationship between personal skills and the increasing complexity faced, in a given challenge.

Clarity of objectives. It is possible to structure the task when a better understanding of the relationship between skills and the corresponding challenges is obtained. That is, if we use certain skills properly, we will be more successful in achieving the objectives.

Feeling of Control. Conviction that the situation can be dealt with because the person has the skills to face the challenges of the situation. That is to say, we are competent to handle the challenge.

Feedback. With adequate feedback, the person gets a better understanding of the task and improves their responses to the challenges. This shows the importance of giving and receiving feedback. It works like a radar that shows where an object is. In the feedback we know where our achievement is, and what its quality is.

Focus. Total focus on the present, in terms of the task being conducted; the person no longer thinks about evaluating his own work. A practical way to develop focus is to improve attention and concentration, through mindfulness and Y?ga exercises, which I already covered in another article on Linkedin.

Absorption by task. Total personal involvement with what you do. The feeling is that time stops, there is nothing around but the challenge of the task we face.

Distortion of time. Since attention is intensely focused on the task, and there is a lack of self-awareness, time becomes distorted, looking both shortened and elongated. Chronological time ceases to exist, due to the intense pleasure that the execution of a work causes in our mind.

Lack of self-awareness. It involves a complete absence of strange thoughts, there is full involvement in the work and no effort is required to carry out the responsibilities.

Autotelic experience. Words derived from the Greek (auto and telos) indicating intrinsic motivation for the activity, so the objective is an excuse for the process.

Friends, I can only hope, during social isolation, to enter the state of Flow, accepting challenges and developing the potential of each one.