Os modelos da civiliza??o clássica, greco-romana, foram sustentáveis?
Marcello Burattini
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Série de Comentários Sobre o Livro Como Viveremos de Francis Schaeffer
Roma foi grandiosa de diversas formas; porém, ela n?o tinha respostas reais para os problemas básicos que toda a humanidade enfrenta. Muito do pensamento romano e de sua cultura foi moldado pelo pensamento grego, principalmente depois da submiss?o da Grécia à lei romana, em 146 a.C.
Os gregos e mais tarde igualmente os romanos tentaram construir uma sociedade com base em seus deuses. Mas estes deuses n?o eram grandes o bastante, porque eram finitos, limitados. Mesmo todos os deuses juntos n?o eram infinitos. Na verdade, os deuses do pensamento grego e romano eram muito semelhantes a homens e mulheres acima do comum, mas n?o essencialmente diferentes dos homens e mulheres humanos. Para citar um exemplo entre milhares, podemos pensar na estátua de Hércules, parado, urinando embriagado. Hércules era o deus patrono da cidade de Herculaneum, que foi destruída na mesma época que Pompeia. Os deuses eram uma espécie de humanidade ampliada, n?o divindades.
Como os gregos, os romanos n?o tinham um deus infinito. Assim sendo, eles n?o tinham nenhum ponto de referência suficiente, do ponto de vista intelectual; isto é, eles n?o tinham nada que fosse suficientemente grande ou suficientemente permanente a que pudessem prender o seu pensamento, ou a sua vida. Consequentemente, o seu sistema de valores n?o era suficientemente forte para fazê-los suportar os desafios da vida, tanto individual quanto política. Assim, os experimentos gregos e romanos de harmonia social (que se apoiava numa república elitista) falharam no fim.
?Nos tempos de Júlio César (100-44 a.C.), Roma adotou um sistema autoritário centrado no próprio César. Antes dos tempos de César, o senado n?o podia manter a ordem. A cidade de Roma estava sendo aterrorizada por gangues armadas, e os expedientes normais do governo eram constantemente atrapalhados, uma vez que for?as rivais disputavam o poder. Os interesses pessoais passaram a ser mais importantes do que o interesse social, por mais sofisticadas que fossem as manobras. Assim, desesperadas, as pessoas aceitaram o governo autoritário.
Como Plutarco (50?-120 a.C.) formulou em Vida dos nobres gregos e romanos, os romanos fizeram de César um ditador vitalício “na esperan?a de que o governo de uma só pessoa pudesse lhes dar um tempo para respirar, depois de tantas guerras e calamidades civis. Esse foi de fato um ato de tirania declarada, já que o seu poder n?o era agora só absoluto, mas também perene”.
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Mais tarde, Cesar Augusto, sobrinho neto de Cesar, se tornava o cabe?a da religi?o oficial do Estado, assumindo o título de Pontifex Maximus e encorajando todos a adorarem o “espírito de Roma e o gênio do imperador”. Isso viria a se tornar obrigatório para todas as pessoas do Império e, depois disso, os imperadores passaram a governar como deuses. Augusto procurou legislar sobre a vida familiar e a moral; os imperadores subsequentes tentaram admiráveis reformas legais e programas de bem-estar social. Acontece que um deus humano é um alicerce fraco – e Roma caiu.
Uma cultura ou indivíduo com bases fracas só pode manter-se em pé se a press?o n?o for muito grande. Para efeito de ilustra??o, imaginemos uma ponte romana. Os romanos construíram pequenas pontes c?ncavas sobre grande parte dos rios da Europa. Há séculos, ou melhor, há dois milênios, milhares de pessoas e carros passam por sobre estas estruturas. Mas se alguém fosse atravessá-las hoje com caminh?es fortemente carregados, elas n?o resistiriam.
é importante notar a diferen?a que faz a vis?o de mundo das pessoas nas for?as que elas manifestam à medida que s?o expostas às press?es da vida. O fato de terem sido os crist?os capazes de resistir às misturas e sincretismos religiosos e aos efeitos da fraqueza da cultura romana é prova da for?a da vis?o de mundo crist?. Tal for?a repousava no fato de Deus ser um Deus infinito-pessoal e no que ele diz no Antigo Testamento, na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo, e no Novo Testamento que estava em gradual desenvolvimento. Ele havia falado de maneira que as pessoas podiam entender. Desse modo, os crist?os n?o apenas tinham um conhecimento sobre o universo e a humanidade que as pessoas n?o conseguiam obter por si mesmas, como também tinham valores universais e absolutos, pelos quais deviam viver e pelos quais deviam julgar a sociedade e o Estado político em que viviam. E tinham fundamentos para atribuir dignidade e valor essencial ao indivíduo, enquanto ser único, feito à imagem de Deus.
No próximo capítulo o assunto se desdobra um pouco mais sobre a cultura religiosa-política de Roma e suas consequências para o mundo, especialmente o mundo crist?o.
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Até a próxima!
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