Com propósito, por favor.

Seja no trabalho, seja nos momentos mais básicos do dia-a-dia, tenho observado um aumento da consciência das pessoas em rela??o aos benefícios de ter um propósito em mente para ter motiva??o e melhores resultados. Dizem que isso é coisa dos “millennials” (veja estudo da Deloitte sobre o tema), mas já parou para experimentar a diferen?a de fazer algo como um fim em si mesmo e fazer a mesma coisa como um meio para se alcan?ar algo maior e mais importante para a sua vida? 

Por exemplo, arrumar ou limpar a casa depois de um dia exaustivo no trabalho pode causar um tremendo mal humor, mas quando pensamos que nossos filhos brincar?o ou comer?o naquele ambiente nos enchemos de for?as que brotam n?o sabemos de onde. 

No trabalho também n?o é diferente. Existe uma tendência crescente de termos cada vez maiores responsabilidades e menores prazos para entregar nossas prioridades, mas quando temos uma vis?o clara do que cada uma das a??es significa para atingir um objetivo maior, algo que fa?a sentido para os times e para as pessoas em particular, fica mais fácil manter o foco e o comprometimento com a empresa. 

Há algum tempo que o movimento do Capitalismo Consciente tem chamado a aten??o para o fato de que "ao focar em seu propósito mais profundo, uma empresa consciente inspira, envolve e energiza os seus stakeholders (partes interessadas). Funcionários, clientes e outros confiam, e até mesmo amam, empresas que têm um propósito inspirador”.

Outros conceitos relacionados s?o o da inova??o social e do “intrapreneur”. O primeiro está descrito pelo Fórum Econ?mico Mundial (WEF) como sendo a aplica??o de abordagens inovadoras, práticas, sustentáveis que beneficiem a sociedade em geral, e de baixa renda ou menos favorecidas em particular.

Apesar de estar tradicionalmente associado a empreendedores sociais, pequenas e grandes empresas têm adotado esta ferramenta complementar à responsabilidade social corporativa e incorporado a inova??o social às suas estratégias de negócio e de opera??es. Veja relatório recente do WEF sobre inova??o social.

Quanto ao termo “intrapreneur”, Perry Yeatman, a CEO do Perry Yeatman Global Partners, o descreve em seu artigo “How to be an intrapreneur" como sendo um agente de mudan?a dentro de uma organiza??o que tem um foco específico de fazer ou economizar dinheiro para sua empresa ao mesmo tempo que ajuda a resolver um desafio da sociedade.

Segundo o WEF as empresas podem e devem criar valor social e valor comercial com a inova??o social. Aliás, inova??o é chave na busca de propósito, seja ele pessoal ou empresarial. Autores como o Prof. Vivek Wadhwa de Stanford, demonstram que o período em que vivemos é o mais inovativo de toda a história da humanidade e que a Lei de Moore está mais presente do que nunca com o surgimento de tecnologias que tornam o impossível possível. Para quem tem curiosidade de saber quais as principais inova??es tecnológicas que estar?o transformando o mundo em 2016, veja aqui seu artigo sobre o tema.

Da mesma forma que inova??o virou mantra para resolver os problemas da humanidade, “mindfulness" virou fórmula de sucesso para o indivíduo se colocar mais presente no que faz e para obter mais satisfa??o e resultados.“Mindfulness” oferece um caminho de auto-conhecimento que leva a uma postura que nos conecta mais profundamente conosco mesmos e com nossas vidas, possibilitando realiza??es ainda mais significativas. Confira aqui alguns artigos mais detalhados sobre o tema.

Para ir da reflex?o à prática na identifica??o de um propósito de vida que fa?a sentido para você, sugiro um exercício muito interessante de montar seu Ikigai, que significa "a raz?o de ser". Segundo os japoneses, todos nós temos um Ikigai, ou seja, um propósito, algo que traz satisfa??o e sentido à vida, e podemos encontrá-lo na intersec??o daquilo que amamos, com aquilo que somos bons em fazer, aquilo que somos pagos para fazer e aquilo que o mundo precisa (veja abaixo).

N?o se esque?a de incluir inova??o pelo menos no que o mundo precisa e comece a ter mais consciência do propósito da sua vida. Assim fica mais fácil lembrar de praticar o “mindfulness" e encontrar mais motiva??o e prazer nas tarefas cotidianas. Ter um propósito maior também nos permite calibrar a postura no trabalho, possibilitando uma reflex?o de como você pode ser um agente de mudan?a, ou seja, um "social innovation intrapreneur”, ou mesmo questionar se está trabalhando no lugar certo ou como ajudar sua empresa a ir numa dire??o mais coerente com o seu propósito de vida.

Vá por mim (e esses autores citados e muitos outros): ter um propósito em mente faz toda a diferen?a. Usar esta reflex?o para incluir mais inova??o em sua vida e ajudar o mundo a encontrar saídas inovadoras para os seus desafios, também.